sexta-feira, 18 de junho de 2010

Nada não

Tenho pensando muito em nada, porque tudo me agrada tanto e eu não tenho tido paciência para confusões. Lá vem o lado abstrato das coisas que eu imagino além dos fatos.

Acordei em um lugar vazio, absolutamente vazio. Ao meu redor nada era tudo o que havia, o maior nada que se pode imaginar estava lá, refletido nos meus olhos, cercando meu corpo, passando por entre minhas pernas, entre meus dedos, por baixo de meus braços. Sobre meus ombros não havia nada, em minha cabeça não havia nada, nada. Eu não via nada, não me lembrava de nada, nem imaginava nada. Eu estava no centro de uma lacuna, que nem centro tinha, pois essa lacuna também era nada. Nada me acompanhava, nada me acontecia. Todo esse nada era maciço, nada estava, nada era. Lá estávamos apenas eu e o vácuo ab-so-lu-to.

O chão não estava lá, e as paredes também não existiam. Não posso dizer exatamente a cor do que me envolvia, eram muitos tons, com muitas formas, diversas luzes em diversas intensidades. Dizendo assim, parece até que chegava a ser alguma coisa, mas para quem estava lá, era nítida a sensação de que não era nada.

O tempo passava como se escorresse, mas também passava como se voasse. Acho que era assim mesmo, o tempo corria de uma maneira dinâmica. Escorria como uma cachoeira e alçava vôo como uma águia. E de tanto nada que havia no mesmo lugar, o tempo parecia visível e eu sentia sua passagem mais presente, veloz e imperativa.

Parada eu olhava para minhas mãos e podia ver minhas unhas crescerem. Sentia cada fio de cabelo se desprendendo de minha cabeça, e eu via os fios ultrapassando o comprimento de meus ombros. Sentia os fatos sendo descontados de meu futuro, a idade me tomava o corpo, trazia-me rugas e cansaço, minha mente envelhecia sem muito tempo de amadurecer. O tempo que era a única coisa tão presente quanto eu, num lugar como aquele, só ousava mudar a mim, fora isso, não modificava mais nada, pois lá, nada havia.

É, brisei..Ah, sobre a continuação do episódio onde perdi parte da minha audição: já fiz os exames, acho que lembro o que tenho a dizer sobre, mas só vou postar depois de entregá-los para o médico analizar. O fato é que o pior já passou e com o resto estou convivendo