Sem preço ou prazo
a vista me cobra lembrar
que a cidade vive do dia
a renasce na madrugada
Sem jamais morrer
sem nunca ser nada
Nos livros é mentira
na rua já é verdade
O céu aberto nos adentra
Levamos os desaforos pra casa
e entre aforismos e novas gírias
casamos o que éramos
com tudo o que seremos
Independente de onde estamos
somos apenas o que somos
O que era pra ser não é
mas se soma ao que será
Somos a cidade no escuro
com as luzes a oscilar
Às
vezes minha cabeça só chia. Eu tento interpretar, ir contra a confusão,
encontrar alguma lógica nisso. Mas é como se entreter com a estática da
televisão. Não dá. A impressão que tenho, às vezes, é que eu fico encarando a
montoera de pontinhos preto e cinza cintilando na tela, tentando ver algo
claro, ouvir frases completas além do ruído. Isso tudo ao invés de mudar de
canal. Não adianta tecla SAP, nem bombril na ponta da antena. Precisa ter
controle, mesmo quando a pilha ta fraca. Se ela acabou a gente troca ou levanta
pra ajustar manualmente. Não importa se o aparelho é de tubo, LCD ou Led. Alta
definição de imagem, som souround, tanto faz. Tem que sintonizar legal, decodificar os
sinais do jeito certo