quinta-feira, 12 de março de 2009

De Lá Pra Cá

Fora ela a única a se surpreender. E dentre todas que havia em si, a que mais mudara, desde o fim de um ano em que sobreviver significou adaptar-se. Agora, com nova mente e novos olhos, poderia melhor entender e usufruir de tudo de presente que estaria por vir. Pela primeira vez ouviria sons e vozes, ao invés das traiçoeiras palavras. Antes de atentar a olhares frustrados, notaria o contágio dos sorrisos descontraídos. O prazer também se mostraria presente nos vícios e desacordos, até então, inéditos. Evidentemente, a adaptação continuaria sendo uma tarefa constante. Resistiria a discutir as frivolidades da vida, mas aprenderia que a subjetividade não é o único meio de sensibilizar. Notaria a magia de uma piada criada às pressas ou de uma gargalhada mais demorada. Entenderia o porquê das noites repletas de tarefas, obrigações e ocupações. Discordaria das manhãs preguiçosas e das corridas contra o tempo, rua a cima. Aprenderia a deixar o tempo passar, sem considerar perdido tudo que não havia passado e passaria mais tempo se dedicando a não perder os momentos que realmente importam. Se importaria com as simples expressões de felicidade. Enxergaria no mesmo mundo de antes, tons, cores e formas recém-criadas e saberia fazer disso seu novo mundo, sua vida.

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