segunda-feira, 16 de abril de 2012

Café de Amanhã

Quando pude me afogar no pote,
não sabia direito o que era sede.
.
Um gole de água salgada, um susto;
motivo pra negar um oceano inteiro.
Aquela história morreu na praia.
.
Agora desidratada, esturricando
sob a luz atificial da cozinha,
encontro no copo meio vazio
resquícios de memórias incineradas
                                                 [pó]
Seu rosto insolúvel navega
a gota que me sai dos olhos.
Cacos de vidro sobre o azulejo,
café com leite derramado.
.
Não havia açúcar na lista de compras
.
Fervo outro litro de água,
invento um chá digestivo
pra tingir de verde olíva
minha inquietação cor de fogo.
Queimo a língua no primeiro gole
Queimaria essa casa,
o bairro e a cidade
se isso me fizesse esquecer.

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