sexta-feira, 29 de outubro de 2010

50 e Poucos Minutos

Cinco de Outubro, quase oito horas da manhã, estou na escola, sentada na primeira carteira. A professora de Geografia está na minha frente falando um monte coisa para toda a sala, não viu que estou com fones nos ouvidos.
Agora está tocando Não é Sempre do Engenheiros do Hawaii.

Próxima música:
“Quanto tempo faz, uma semana atrás, no topo do mundo, na crista da onda, numa euforia de se estranhar”.

Política para desinteressados, esse é o título que dou para mais um discurso da professora Conceição “Você tem que tomar cuidado se você não tem capacidade de pensar”.

“Poesia é um porre” disse o Gessinger de dentro dos fones.

Não lembro de ter feito a prova que ela está comentando. Na verdade, lembro de muita pouca coisa.

“Eu quero saber se você vai além do óbvio” Ela nos questionou. “Eu quero saber se alguém vai além do obvio” Eu me questionei.

Hoje ela veio de verde, verde e azul, uma calça jeans clara – como ela é moderna, um sapato feio que eu achei bonito, brincos roxo e lilás – brilham de mais. Veste um jaleco que a deixa bem profissional, as unhas feitas, pintadas de vermelho. Ela se dedica a si mesma.

“Viver assim é um absurdo, como outro qualquer, como tentar o suicídio ou amar uma mulher” disse o Gessinger.

Mais uma vez o assunto é a vitória do Tiririca... É deprimente se você é brasileiro, é cômico se você não é, e só, poxa vida! A gente ainda nem sabe se ele vai assumir o cargo e todo mundo já se orgulha de dizer que perdeu a esperança no país.

“Tô apenas fazendo com que vocês raciocinem” É, eu não conseguiria, de forma alguma, raciocinar sem ela.

A aula acabou. Chegaram os alunos que sempre entram na segunda aula, não perderam muita coisa estando fora durante aula que acabou. Agora a sala está completa, a aula de Biologia pode começar.

38, 39, 40, presente!

“Se a TV estiver fora do ar quando passarem os melhores momentos da sua vida... "Paranóias" que se cruzam em Belém do Pará” Parece que o Gessinger ainda tem muito o que dizer.

Mesmo parecendo que essa aula não vai acabar nunca, é bom eu ir planejando minha próxima viagem... Curitiba, de um jeito ou de outro, agora ou depois. Vão acabar os ensaios da peça, eu vou ter meus finais de semana livres de novo. Vou sentir uma falta absurda da minha vida como está e das pessoas que estão nela.

“Tire o fiozinho, linda” disse Milena, a professora de Biologia. Adeus Gessinger.

Hora da aula. Fim do texto.

A imagem é uma foto aleatória da minha sala de aula em agosto de 2009.

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