sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Serra de Botucatu, onde fica?

O bairro era grande. Depois de quase duas décadas perambulando pelo lugar, algumas vezes com rumo certo, outras a esmo, ela ainda não sabia o nome de todas as ruas nem quais eram paralelas ou perpendiculares a quais.

Se um estranho lhe pedisse informação, as possibilidades seriam duas: forjar uma certeza e responder intuitivamente algo que provavelmente estaria errado e faria o estranho se perder ainda mais, ou pedir desculpas e forjar uma verdade, dizendo que não conhecia muito do lugar.

Na verdade, ela conhecia muito do lugar sim, só não sabia o nome das ruas nem como chegar onde não estava indo. Para se localizar por lá precisava da pesquisa simultânea. Usava pontos de referência que tinham muito mais a ver com suas lembranças do que com a geografia daquelas ruas, mesmo que tudo que lembrasse estivesse fortemente entrelaçado com essa geografia tão familiar.

“Segue reto nessa rua e vira na esquina onde eu e o garoto das andorinhas tatuadas no braço fizemos uma guerra de Cheetos na chuva quando eu tinha 15 anos”

Esse não é o tipo de informação que se dá, é o tipo de sentimento que se tem.

2 comentários:

  1. Venho sempre aqui, que já me sinto em casa. Mais essa dever ser a primeira vez que tomo a liberdade de deixar um comentário e registrado o como suas palavras me fazem pensar. Gosto bastante da forma que você escreve e esse texto particularmente é o meu preferido. É fácil me imaginar dentro dessa ''história''

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